Dar conta de tudo, ter um corpo perfeito ou consumir muito
não é garantia de felicidade.
A depressão
tem sido um tema bastante explorado pelos meios de comunicação, pela literatura
e até mesmo pelos sermões. Apesar do interesse e preocupação que o inspira, não
existe antídoto contra ela. Sabemos que mudanças em nosso estilo de vida, como:
reservar tempo para o lazer, praticar atividade física, cuidar da alimentação e
do sono podem ajudar a combatê-la. Mas, o nosso bem-estar emocional também
depende de nossas atitudes perante a vida. Por isso, rever algumas idéias
equivocadas, especialmente entre as mulheres, pode contribuir e muito para uma
mente mais saudável.
A primeira delas é que a
mulher deve dar conta de todos, ou pelo menos, da maioria dos problemas que a
cercam.
Nós mulheres somos providas de uma
tendência natural de proteger e cuidar daqueles que nos cercam. Esta
característica é importante para o exercício da maternidade, para o
companheirismo no casamento e também para o atendimento das necessidades do
próximo. No entanto, há
mulheres que acabam tornando esta característica um fardo, como nestes
exemplos: uma mãe está extremamente nervosa numa sexta-feira porque “tem” que
atravessar a cidade depois do trabalho para comprar uma roupa que a filha
adolescente quer para o fim-de-semana; outra vive sempre angustiada devido a
problemas conjugais de uma amiga que nunca faz esforços para melhorar seu
casamento; outra mais uma vez perde o sono porque o filho, já casado, não
consegue terminar a faculdade nem administrar sua vida financeira.
Estas
situações ilustram a dificuldade que nós, mulheres, muitas vezes temos para
dizer “não” e que acabam resultando em desgaste e sobrecarga com necessidades
que não são nossas, com problemas que poderíamos evitar, ou com situações que
simplesmente não podemos controlar. Não se trata de deixar de atender
necessidades, dar apoio, aconselhar ou orar; mas de não perder a paz por coisas
sobre as quais temos pouco ou nenhum poder. Por mais que desejemos o bem
daqueles que nos cercam, na maioria das vezes, não podemos interferir em suas
escolhas, sentimentos e problemas. Se não queremos adoecer mentalmente,
precisamos continuar sensíveis às necessidades daqueles que nos cercam,
respeitando nossos limites pessoais e a liberdade de escolha deles.
Uma outra idéia que massacra a
maioria das mulheres de nossa geração é a de que, para ser feliz, a mulher tem
que estar adequada a um determinado padrão de beleza.
Todos os dias
vemos mulheres lindas e magras estampando capas de revistas, desfilando suas
barrigas “saradas”, poucos meses após o parto; posando silhuetas esculturais,
aos 40, 50 anos de idade. Algumas alardeiam sua genética privilegiada ou dietas
milagrosas, sem revelar as privações, horas de malhação, cirurgias plásticas e
severas privações para manter aquele corpo. A mídia sempre associa felicidade e
autoestima a um corpo belo e a uma aparência jovem. No entanto, autoestima é
justamente o oposto: é a aceitação e valorização daquilo que somos e não do que
sonhamos ou do que os outros querem que sejamos. No entanto, na ilusão de obter
a realização pessoal e afetiva, muitas mulheres tentam competir com símbolos de
beleza fabricados pela mídia e pelo bisturi, submetendo-se a cirurgias
arriscadas, dietas loucas e tratamentos estéticos irresponsáveis.
Obcecadas pela magreza, especialmente
mulheres adolescentes e jovens, têm se tornado presas fáceis de Satanás que as
atrai para literaturas e sites que induzem à prática da bulimia e ao uso
descontrolado de remédios para emagrecer. Infelizmente, em pouco tempo, isso
pode levar à dependência, ao desenvolvimento de sérios problemas mentais e
espirituais e até à morte. É preciso cuidar
de nosso corpo, usando os recursos disponíveis para destacar e valorizar as
características que o Pai nos deu, sem perder de vista que modelos de beleza
fabricados não são modelos de felicidade.
Outro pensamento que
frequentemente perturba o bem-estar emocional das mulheres é o de que você vale
pelo que você tem.
Infelizmente vivemos numa sociedade que
valoriza mais o ter do que o ser. Às vezes até mesmo “parecer ter” é mais
importante do que “realmente ter”. Por conta disso, muitas mulheres
acreditam erroneamente que seriam mais felizes se pudessem conquistar
determinados bens ou alcançar certo padrão de vida. Os meios de comunicação se
mantêm vendendo seus produtos e por isso, divulgam e incentivam constantemente
o consumo desnecessário, a compra irresponsável e a ostentação como atalhos
para a felicidade. Somos incentivadas a buscar sempre um padrão social
superior ao nosso, sendo que, pessoas sem ambição financeira são julgadas
fracas e incompetentes. Assim, muitas mulheres ostentam a aparência de uma
condição econômica que não possuem, ao custo de dívidas e até mesmo de
mentiras. O consumismo gera euforia e uma sensação momentânea de felicidade que
logo passa, deixando frustração, culpa, e até mesmo casamentos destruídos.
Por
mais coisas que o dinheiro possa comprar, ele não compra a felicidade familiar,
bem-estar emocional, e a paz espiritual, que são sim ingredientes indispensáveis
à verdadeira felicidade.
Por isso, respeite seus limites pessoais e
procure entender que Deus,
e não você, tem o controle e o poder sobre a vida e os problemas das pessoas
(Pv. 16:1; Ec. 3:1). Cuide de seu corpo e o valorize lembrando que sua
aparência é fruto do desejo de Deus (Sl. 139:16) e que a verdadeira beleza
começa com um coração feliz (Pv. 15:13). Por outro lado, não deixe de lutar por
conquistas pessoais e materiais, mas tenha sempre um coração agradecido por
aquilo que Deus tem lhe dado e pelo cuidado dele para com as suas necessidades
(Sl. 103:2; Mt 6:25-26).
Certamente
essas atitudes não mudam de um dia para o outro, mas buscar mudanças aumenta a
chance de você manter-se mais saudável emocionalmente e muito mais disponível
para exercer o seu papel de mulher de Deus junto aqueles que a cercam.
Dsa. Romi Campos Schneider de Aquino é
psicóloga e congrega na IAP em Bairro Alto, Curitiba (PR).